Edileuza Soares
Publicada em 28 de fevereiro de 2012 às 08h00 - Atualizada em 28 de fevereiro de 2012 às 12h05
Versão 4 de 8GB, montada pela Foxconn, em Jundiaí (SP), começou a ser vendido por R$ 1.799, mesmo valor do modelo importado.
Quem esperava que a fabricação do iPhone no Brasil
tornasse o aparelho mais acessível vai ficar frustrado. Os primeiros
terminais produzidos na planta industrial da Foxconn, em Jundiaí,
interior de São Paulo, começaram a ser vendidos ao mesmo preço do
smartphone importado. A versão 4 de 8GB, montada aqui, custa 1 800
reais, mesmo valor do modelo importado.
As vendas do iPhone Made in Brazil começaram sem muito
alarde. O aparelho desbloqueado pode ser adquirido no site brasileiro da
Apple Store, com opção de parcelamento em até 12 vezes sem juros.
Entretanto, o preço praticado é o mesmo do smartphone 4 de 8G importado,
quando ele foi lançado em agosto de 2010.
A Foxconn nem a Apple comentaram sobre as razões de o iPhone
brasileiro ser mais caro que o que vem de fora, uma vez que a produção
local conta com incentivos do governo federal. O modelo montado no País
está enquadrado no Processo Produtivo Básico (PPB) da Lei de Informática
(regras para que o fabricante tenha incentivos) e obteve redução da
alíquota do IPI de 15% para 3%.
“A decisão de preço é da empresa e o governo não tem nenhum controle
sobre essas questões”, afirma o secretário de Política de Informática do
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (Sepin-MCTI), Vírgilio
Augusto Fernandes Almeida. Ele informa que a contrapartida da Foxconn
para fabricação do iPhone da Apple no País está sendo cumprida: a
geração de mil empregos numa primeira fase e uso da cadeia produtiva
local de suprimentos disponível no mercado nacional.
“Acredito que não chegaram ainda a um preço diferenciado pela falta
de escala”, diz o secretário da Sepin. Ele espera que essa questão seja
resolvida mais para frente, para que o iPhone nacional se torne mais
acessível ao consumidor brasileiro.
De toda forma, o governo estuda enquadrar smartphones na "MP do Bem", a mesma lei que reduziu o preço dos computadores no País em quase 10%. Essa lei reduz a incidência do PIS e do Cofins.
Custo Brasil
O advogado tributarista Bruno Henrique Coutinho de Aguiar, sócio do escritório Rayes & Fagundes Advogados, não acredita que o iPhone nacional tenha redução de preços no longo prazo por causa do famoso "Custo Brasil".
Custo Brasil
O advogado tributarista Bruno Henrique Coutinho de Aguiar, sócio do escritório Rayes & Fagundes Advogados, não acredita que o iPhone nacional tenha redução de preços no longo prazo por causa do famoso "Custo Brasil".
“A redução de tributos não é a única variável a ser considerada”,
informa o tributarista. Ele não acredita que a indústria e a Apple estão
ganhando nas margens de vendas.
Segundo ele, há outros custos que são considerados no preço final do
iPhone, como de mão de obra, com a alta carga de impostos trabalhistas, e
os gastos de manutenção da fábrica.
Aguiar observa que uma parte das peças para montagem do iPhone no
Brasil vem de fora, o que duplicam os custos. Ainda assim, o
tributarista avalia que a fabricação local de iPhone, mesmo custando
mais que o importado, é bom para o Brasil. “A montagem local gera
emprego para o País, renda e transferência de tecnologia”, acredita o
tributarista.