- Dona Maria está abalada com o tratamento recebido pela filha. (Foto: Marcele Gouche)
Maria Luzia Petri chorava. Em sua casa simples, no bairro Ilha da
Figueira, Dona Maria recebeu a equipe do OCP bastante abalada. Na semana
passada, a dona de casa perdeu a filha, Eliete Aparecida Petri, de 35
anos.
Eliete trabalhou como auxiliar de produção durante 11 anos,
quando foi afastada por Lesão por Esforço Repetitivo (LER) e sinais
de depressão. Em 2010, o Centro de Atenção Psicossocial de Jaraguá do
Sul (CAPS) concedeu um atestado, com fins de comprovação junto ao INSS,
de que Eliete encontrava-se em tratamento para Transtorno Afetivo
Bipolar (TAB).
Na cópia do documento, apresentado por Dona Maria ao OCP, consta que
devido ao quadro instável da paciente, ela não seria capaz de tomar
decisões nem de planejar suas atividades diárias e que, muito
provavelmente, a paciente manteria essas características em ambiente de
trabalho.
O documento termina com a recomendação de que Eliete se
mantivesse afastada de suas atividades laborais por tempo
indeterminado. Apesar da recomendação, no dia 4 de março deste ano os
benefícios que Eliete recebia do INSS por invalidez foram cortados.
No dia 16 de março, convocada pelo INSS, ela passou por uma
perícia que constatou “a inexistência de incapacidade para o trabalho
ou a inexistência de deficiência”. A decisão de manter a suspensão dos
benefícios contribuiu para o agravamento do estado de Eliete, que
ingeriu uma quantidade excessiva de medicamentos controlados, o que
acabou provocando a sua morte.
Assim como Eliete, Eusébio Marcos Pedroso, 58 anos, também passou
pela perícia do INSS e foi liberado para trabalho, mesmo apresentando
laudos e raios X que comprovam hérnia de disco e osteoporose nos dois
joelhos. Eusébio trabalhava com construção civil e segue registrado na
empresa, no entanto, sem receber o benefício nem podendo trabalhar.
“Já fiz três, quatro perícias no INSS e eles me liberam sem nem
olhar os laudos e os exames, e na firma eles não me deixam
trabalhar.” Ciente das reclamações, a vereadora Natália Petry disse
que vem tentando entrar em contato com os responsáveis há um mês.
“Primeiro, eu tentei falar com eles, chamá-los extra-oficialmente
para saber o que está acontecendo, mas sem sucesso”. Hoje, o assessor
da vereadora foi pessoalmente ao INSS para tentar contato, e
novamente não obteve respostas. Na tentativa de esclarecer o caso, a
vereadora elaborou um requerimento, aprovado pelo plenário no dia 22,
convocando o responsável pelo setor de perícias médicas para participar
de uma sessão na Câmara. Segunda a vereadora, ele já teria aceitado o
pedido.
O OCP também tentou entrar em contato com o INSS, mas ninguém atendeu.
Fonte: http://www.ocorreiodopovo.com.br/saude/altas-do-inss-decisoes-do-orgao-geram-polemica-7344341.html