sábado, 16 de junho de 2012

Preocupação - Aumentam casos de violência contra idosos

Agressão ao idoso aumenta em 93% segundo dados do Programa de Atendimento Sócio-Familiar ao Idoso

Samira Mara Hahn
Publicado 16/06/2012 às 08:51:02 - Atualizado em 16/06/2012 às 08:54:07


PASSEATA Movimento reuniu idosos e crianças no Dia Mundial de Combate à Violência ao Idoso 
(FOTO: Eduardo Montecino)
A mobilização envolvendo idosos, ocorrida ontem de manhã nas ruas centrais de Jaraguá do Sul, teve um propósito significativo. Cerca de 300 homens e mulheres, com idades acima de 60 anos, e até criança, participaram da caminhada do Dia Mundial de Combate à Violência aos Idosos. A ideia foi chamar atenção para um cenário preocupante.
O número de caso de violência contra os idosos em Jaraguá do Sul nesse ano representa quase a totalidade registrada no ano passado. Conforme levantamento do Programa de Atendimento Sócio-Familiar ao Idoso (Proasfi), órgão ligado à Secretaria de Desenvolvimento Social, entre janeiro até maio foram notificadas 145 ocorrências.
Essa quantidade representa uma média mensal de 29 casos. Durante todo o ano passado, foram registrados 185 casos. A média foi de 15 ocorrências mensais. Ou seja, somente nesses cinco primeiros meses de 2012, houve um aumento de 93% na proporção de ocorrências mensais, em comparação a todo ano de 2011.
Para psicóloga do Proasfi, Priscila Espíndola Beppler, a justificativa desse aumento das ocorrências registradas deve-se a uma mudança de postura dos idosos. Eles deixaram de silenciar sobre os casos e começaram a denunciar as agressões.
Priscila destaca que os programas de conscientização sobre o tema da violência contra os idosos servem de estímulos para as denúncias virem à tona. Entre as ocorrências registras, Priscila diz que cerca de 80% dos casos estão relacionados a crimes de negligencia nos cuidados, violência psicologia e abandono. Também há casos, em menos quantidade, de abusos financeiros e agressões físicas.
Segundo o presidente do Conselho de Diretos do Idoso, Antônio Marcos de Souza, ainda existem muitas agressões que não chegam aos órgãos de apoio. Ele explica que a atitude da vítima ou testemunha em denunciar uma situação de risco é de extrema importância para que o conselho atue de fato. Souza diz que uma das idéias da administração é a realização do cadastramento geral de idosos para ter um melhor controle do tratamento que a pessoa idosa recebe. O presidente diz que a comissão tem registro de quase quatro mil idosos. Segundo dados do IBGE a quantidade de pessoas acima de 60 anos, em Jaraguá do Sul, passa de 12 mil.
Idosos participam de passeata
Os aposentados, Vicente Martins da Silva, 75 anos, e Maria dos Santos Silva, 71, levantaram cedo ontem. Toda a disposição e entusiasmo do casal tiveram uma causa justa. Eles participaram da passeata organizada pelo Centro de Referência de Jaraguá do Sul, para lembrar o Dia Mundial de Combate à Violência ao Idoso. A caminhada saiu da Fundação Cultural e terminou na praça Ângelo Piazera, percorrendo o calçadão.
Ambos fazem parte de grupo de idosos, e estiveram presentes no evento para pedir mais respeito à pessoa da terceira idade. Para Silva, a vida do idoso hoje é mais tranqüila. Ele conta que não chegou a vivenciar momentos de desrespeito com os mais velhos. "Sou bem respeitado fora e dentro de casa", avalia.  Segundo a coordenadora do Centro Vida, Glacilda Hornburg Schramm, 65 anos, a caminha organizada teve o objetivo de mostrar às pessoas que a terceira idade é o futuro de todos.
As crianças dos Centros de Referência de Assistência Social (Cras) também estiveram presentes. Para a educadora social, Viviane Bertoldo, 32 anos, essa interação é estimular o contato dos mais novos com as pessoas com mais experiência de vida. Viviane explica que eventos assim deveriam se realizados todos os dias, e que, no geral, as pessoas não se respeitam. "A prática da boa comunidade está longe do ideal", afirma.
A aposentada Romilda Zanghelini, 69 anos, também prestigiou a caminhada. Ela é conhecida pelos idosos por suas pelas bicicletas enfeitadas, e por participar ativamente do coral da terceira idade. Romilda conta que nunca sofreu desrespeito diretamente, mas já viu muito casos de violência contra o idoso como, por exemplo, pessoas que não cedem lugar no ônibus para a pessoa mais velha sentar.
No término, o evento ainda realizou um momento de ginástica coletiva e distribuição de frutas para os participantes.
O Correio do Povo