O consenso foi quase geral: seja na zona rural, no Centro ou nos
bairros mais afastados, o grande problema de Massaranduba é a falta de
opções de emprego, que força grande parte da população a buscar
colocações em Guaramirim e Jaraguá do Sul. Para os moradores das regiões
mais distantes do Centro, outra situação que incomoda é a falta de
pavimentação das ruas. Nos dias de sol, a poeira causa desconforto e
problemas para respirar, junto com uma grossa camada de sujeira. Quando
chove, o problema é o acúmulo de lama, que dificulta a locomoção.
Atuação: Comerciante diz que falta de ação do poder público é histórica
Para o comerciante e expresidente da Associação Comercial de
Massaranduba, Sérgio Murilo da Silva, o maior problema do município
começa na falta de empenho do poder público. “E não digo isso do mandato
atual, ou do anterior. É um problema que vem de raiz, um descaso
histórico”, afirma. Aos 53 anos, 16 deles em Massaranduba, Silva já se
envolveu em algumas discussões com a Prefeitura, mas sem resultado.
“Tudo aqui termina na política”, afirma. De imediato, ele aponta vários
pontos que podem ser melhorados, sem muita dificuldade.
O mais simples deles seria a malha energética do município. “A rede
elétrica está péssima, entre fevereiro e março nós passamos mais de 80
horas sem luz, no Centro, durante o horário comercial”. Conforme o
pequeno empresário, basta uma chuva mais forte e a energia elétrica
começa a falhar.
“Para resolver a maioria dos problemas, só precisaria de boa
vontade”, afirma. Outra crítica é sobre a falta de espaços de lazer na
cidade. “Não tem uma quadra de esportes. A que tem está fechada. A
pracinha perto da prefeitura não dá mais para levar a família, porque
virou ponto para jovens beberem e às vezes usarem drogas”, lamenta. De
acordo com Silva, não há investimentos no setor cultural. “Parece que a
prefeitura prefere devolver o dinheiro voltado para cultura a
simplesmente aplicar em algum projeto. Falem o que quiser, mas é com a
cultura que vamos manter nossos jovens longe das drogas”, opina.
Para ele o líder comunitário, a próxima administração tem uma grande
tarefa pela frente: trazer de volta a indústria para Massaranduba. “Nos
últimos 12 anos só três empresas se instalaram aqui, e mais de dez foram
embora”, conta. Por causa disso, a maior parte da população
massarandubense trabalha fora, em Jaraguá do Sul e Guaramirim.
“Os estudantes também, vão todos para outras cidades. Durante o dia
Massaranduba é uma cidade deserta”, ressalta. No levantamento da
Associação Comercial, a estimativa é que cerca de 70% da população de
Massaranduba trabalha em outras cidades.
Infraestrutura: Costureira critica falta de asfaltamento
O problema mais imediato para a costureira Lori Kassner Ritter, de 43
anos, é visível: a grossa camada de poeira que se forma nos dias de
sol, resultado da falta de pavimentação no bairro. “Quando passam o
caminhão de água não é tão ruim, mas tem dias que mal dá para sair de
casa”, explica.
Quando chove, o problema vira outro, o excesso de lama. “Mas não é
tão ruim quanto a poeira”, compara. A falta de asfaltamento também
preocupa pela falta de segurança no trânsito. “Os motoristas passam
muito rápido por aqui, e não tem muita estabilidade”, diz. Para ela,
seria importante que asfaltassem todas as ruas do bairro. “Não é só aqui
em casa que é ruim, é todo o bairro que está assim, para quem tem
problemas respiratórios está até perigoso”, comenta.
A prefeitura de Massaranduba não informou se há intenção de
pavimentar as vias. O prefeito Mário Fernando Reinke afirma que o
município possui 800 quilômetros de estradas, com cerca de 50
quilômetros pavimentados. “Deste total, cerca de 20 quilômetros
receberam pavimentação durante o meu governo”, afirma. Sobre a falta de
emprego, Reinke diz que estão sobrando vagas. “Na prefeitura, temos
máquinas paradas por falta de gente para operar”.
Quanto a incentivos para empresários, o prefeito afi rma que até hoje
foi procurado apenas uma vez. “Baixamos a alíquota do ISS, atendendo ao
pedido deste empresário e foram gerados cerca de 200 empregos”. Sobre
opções de lazer, ele cita o incentivo ao esporte, os pesque-pagues, os
pontos turísticos do município e o museu inaugurado durante a Fecarroz.
- SAÚDE Wulf afirma que é bem atendido nos postos.“Mas sei de gente que pensa o contrário”, comenta (FOTO: Eduardo Montecino)
Poeira e falta de água encanada fazem parte da realidade rural
O aposentado Fredolino Wulf, de 65 anos, tem poucas queixas e poucos
pedidos. Mas os anseios que tem são bem pontuais. “Precisa passar com
mais frequência um caminhão pipa para não deixar a rua tão seca”, conta.
Assim como no bairro Guaranimirim, a localidade sofre com o excesso de
poeira nos dias de sol.
Embora não veja a questão como sendo urgente, um investimento que
seria bem vindo é o serviço de água encanada. “Nós temos água de poço e
uma fossa sanitária, mas ajudaria bastante para limpeza e para a cozinha
se tivéssemos água encanada. Para beber ainda gosto mais do poço”,
declara.
Outro aspecto em que o saneamento seria de grande ajuda é reduzir o
tempo gasto com limpeza da fossa. Outro pedido é mais amplo:
investimentos e medidas que ajudem a gerar emprego e trazer novas
empresas para o município. “A juventude aqui não tem muito onde
trabalhar. São poucas empresas. Muita gente vai para fora buscar
emprego”, conta. Dos dez filhos, três trabalham em Massaranduba.
“Aqui perto de casa estão para abrir uma fábrica de conservas, então
já tem um lugarzinho para os jovens daqui buscarem trabalho, mas ainda
precisa de mais”, conta. Além destes pontos, Fredolino tem poucas
preocupações. Na opinião do aposentado, os serviços municipais têm feito
um trabalho de qualidade, embora entenda que algumas pessoas possam
pensar o contrário. “Eu nunca tive problemas no posto de saúde, sempre
fui bem atendido e bem recebido”, conta.
O Correio do Povo
http://www.ocorreiodopovo.com.br/serie-especial/massaranduba-o-desafio-e-criar-alternativas-para-a-permanencia-2545147.html