Estudo feito entre 1991 e 2010 mostra que 12,2% dos casos no Brasil ocorreram em solo catarinense
A ressaca é um deles. Apesar de não ser o mais comum e devastador, sempre causa preocupação, e é neste mês que ele chega. Segunda e terça-feira, as ondas alcançaram três metro em algumas praias da Capital e 1,5 metro nas demais regiões. O alerta da Defesa Civil de SC é evitar pesca e navegação esta semana. Nesta quarta-feira, o fenômeno perde a força, mesmo assim há risco de temporal a partir desta quinta-feira.
Os dados estão no Atlas Brasileiro de Desastres Naturais, estudo inédito feito por pesquisadores do Estado que marca o início do processo de avaliação das séries históricas de desastres naturais no Brasil. O levantamento mostra que o registro de desastres cresceu 268% nos últimos 10 anos no país e 71,61% em SC (2000 a 2010).
As ressacas de grandes proporções (que causaram algum tipo de dano à população) também cresceram no país, de duas em 1997 para 13 em 2010. No Sul do Brasil foram cinco casos nos últimos 19 anos (1991 a 2010), todos em SC, afetando 3.350 pessoas. Três foram em Florianópolis, e um em Garopaba (todos em 2010) e o quinto em Balneário Piçarras (1998).
O estudo revelou que somente em SC as ressacas têm mês definido para aparecer. As mais fortes chegam em maio e se estendem até novembro. O atlas mostra que no Estado este fenômeno ocorre pelas características geológicas do litoral, relacionadas com a intensidade, duração e sentido dos ventos e das correntes marinhas. Como Santa Catarina, em todo o seu limite leste, faz divisa com o Oceano Atlântico, todos os municípios do Litoral estão suscetíveis à ocorrência de ressacas.
Segundo os documentos oficiais, os desastres ocorreram devido à presença de ciclones extratropicais no oceano com rajadas de vento de até 100 km/h em alto-mar. Esses ventos fortes provocaram agitação marítima, principalmente na costa, entre os municípios de Florianópolis e Passo de Torres (divisa de SC com RS), com ondas de dois a três metros, provocando avanço do mar em várias praias.
— O Sul do país, devido à sua posição geográfica, sempre será mais suscetível a desastres naturais. O clima também contribuiu para que estes fenômenos ocorressem. As ressacas, além das causas climáticas, também são causadas pela urbanização na zona costeira. Em SC, 68% de sua população estão assentados na costa — explica o diretor do Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres (Ceped), Antônio Edesio Jungles.