sexta-feira, 1 de junho de 2012

Hospital São José de Jaraguá do Sul começa a captar córneas

31/05/2012 | 11h27

Iniciativa tenta reduzir fila de espera por transplante, que tem quase 800 em SC

Há cinco anos, o estudante Alisson André Caetano da Silva, 16 anos, percebeu que tinha dificuldade de enxergar a lição no quadro-negro. Por orientação da professora, procurou um oftalmologista.

Após exames, ele descobriu que tinha ceratocone, doença que faz a pessoa perder a visão gradativamente.

— Eu via embaçado. O transplante de córnea (membrana protetora do olho que tem formato e espessura alterados pela doença) era a única solução para não ficar cego —, relembra.

A cirurgia na córnea direita ocorreu cerca de dois anos depois, no Hospital Municipal São José, de Joinville, quando Alisson estava com 2% da visão.

— Agora, vejo bem as coisas, mas o médico disse que vai melhorar mais quando terminar de tirar os pontos. Tem que ser feito aos poucos —, comenta ele, que agora está na fila de espera para operar o olho esquerdo.

A história de Alisson representa a de centenas de pessoas que esperam por um transplante de córnea – o ceratocone é a causa da maioria dos transplantes de córnea no Estado. Para reduzir a espera pela cirurgia, hoje de 784 pessoas no Estado, o Hospital São José, de Jaraguá do Sul, implantou uma unidade de captação que começa a funcionar neste mês.

De acordo com a enfermeira Daniela Bertolino, coordenadora da comissão intra-hospitalar de doação de órgãos e tecidos do São José, famílias de pacientes que não sobreviveram serão consultadas para autorizarem a doação. As córneas serão encaminhadas ao Banco de Olhos de Joinville, que distribui os órgãos às regiões Norte e Nordeste do Estado.

Gestor administrativo do banco, Júlio César Vieira explica que uma doação de córneas beneficia até seis pacientes. No Hospital de Olhos Sadalla Amin Ghanem, em Joinville, são realizadas, em média, 60 captações de córnea por mês. Na fila de espera, há 60 pacientes, incluindo moradores de Jaraguá.

Para Alisson, o dia 1º de abril de 2011, data da cirurgia, representou uma mudança de vida.
O estudante do 1º ano do ensino médio da Escola José Duarte Magalhães se sentiu estimulado a buscar a carreira de cantor. Pai de uma menina de um ano, Alisson canta e toca bateria e está gravando um CD de músicas evangélicas.

— Graças à cirurgia, tenho uma vida normal. Se não enxergasse, tudo seria mais difícil —, destaca.