Última atualização em Seg, 05 de Março de 2012 15:25
Escrito por ACE
Seg, 27 de Fevereiro de 2012 14:45
Implosão da ponte americana esta semana abriu a discussão sobre a restauração ou eliminação da Hercílio Luz, na Capital
A implosão da ponte norte-americana Fort Steuben Bridge, semelhante à
Hercílio Luz, nesta semana, trouxe um questionamento: vale a pena
gastar R$ 200 milhões para restaurar a mais antiga travessia da Ilha de
Santa Catarina?
Para o presidente do Departamento de Infraestrutura (Deinfra), Paulo
Meller, pôr ao chão uma ponte antiga da década de 1920 é uma filosofia
“bem americana”. Em seis segundos, a ponte estaiada localizada em Ohio,
nos Estados Unidos, foi derrubada. O vídeo foi postada no Youtube pelo
próprio departamento responsável pela ação, a Ohio Department
Transportation (Odot).
Em Santa Catarina já foram gastos R$ 100 milhões desde que a ponte
foi interditada em 1982. Se for considerado o tempo desde que a
manutenção começou, no início dos anos 1960, a cifra sobe para R$ 135
milhões.
– Não é mais útil, destrói e faz uma nova. Eles (os americanos) não
levam em consideração o valor histórico. Já conversei com algumas
empresas de lá especializadas em desmontar pontes. Eles não entendem por
que tentamos manter uma com todos os gastos – conta Meller.
Mas o presidente do Deinfra garante que as obras na Hercílio Luz não param, a não ser por um pedido popular:
– Continuaremos a tocar a obra, mas essa é uma discussão que a
sociedade catarinense deveria fazer. As associações comunitárias
deveriam debater o assunto – acredita Meller.
No site do Diário Catarinense, vários internautas opinaram ontem
sobre o assunto. A maioria se mostrou favorável à economia de verba
pública. Alguns sugerem que deveria ser construída uma nova ponte no
modelo da original. A minoria destaca a importância cultural e
turística.
A travessia é um patrimônio histórico municipal, estadual e nacional.
Conforme o presidente da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), Joceli
de Souza, a Hercílio Luz registra um importante momento histórico e
econômico do Estado, o qual Florianópolis corria o risco de perder o
posto de Capital por falta de travessia.
– É um ícone da cidade e do país e deve ser preservada. Se em outros
locais não dão importância, aqui nós nos preocupamos com a história de
nossa gente – afirma Souza.
Para conseguir verba e completar a restauração, o governo do Estado
encaminhou um projeto para captação de recursos pela Lei Rouanet de
Incentivo à Cultura. Entre os dias 13 e 15 de março, a proposta deve ser
analisada pela Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (Cnic), em
Florianópolis. O pedido é de R$ 78 milhões para terminar a estrutura
provisória, que tiraria a ponte do risco de queda.
Caso consiga aprovação, a expectativa do governo é concluir a restauração em 2014.
Fonte: Diário Catarinense – Roberta Kremer – fevereiro/2012.