terça-feira, 6 de março de 2012

Gastar verba ou derrubar?

Implosão da ponte americana esta semana abriu a discussão sobre a restauração ou eliminação da Hercílio Luz, na Capital

A implosão da ponte norte-americana Fort Steuben Bridge, semelhante à Hercílio Luz, nesta semana, trouxe um questionamento: vale a pena gastar R$ 200 milhões para restaurar a mais antiga travessia da Ilha de Santa Catarina?



Para o presidente do Departamento de Infraestrutura (Deinfra), Paulo Meller, pôr ao chão uma ponte antiga da década de 1920 é uma filosofia “bem americana”. Em seis segundos, a ponte estaiada localizada em Ohio, nos Estados Unidos, foi derrubada. O vídeo foi postada no Youtube pelo próprio departamento responsável pela ação, a Ohio Department Transportation (Odot).

Em Santa Catarina já foram gastos R$ 100 milhões desde que a ponte foi interditada em 1982. Se for considerado o tempo desde que a manutenção começou, no início dos anos 1960, a cifra sobe para R$ 135 milhões.

– Não é mais útil, destrói e faz uma nova. Eles (os americanos) não levam em consideração o valor histórico. Já conversei com algumas empresas de lá especializadas em desmontar pontes. Eles não entendem por que tentamos manter uma com todos os gastos – conta Meller.

Mas o presidente do Deinfra garante que as obras na Hercílio Luz não param, a não ser por um pedido popular:

– Continuaremos a tocar a obra, mas essa é uma discussão que a sociedade catarinense deveria fazer. As associações comunitárias deveriam debater o assunto – acredita Meller.

No site do Diário Catarinense, vários internautas opinaram ontem sobre o assunto. A maioria se mostrou favorável à economia de verba pública. Alguns sugerem que deveria ser construída uma nova ponte no modelo da original. A minoria destaca a importância cultural e turística.

A travessia é um patrimônio histórico municipal, estadual e nacional. Conforme o presidente da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), Joceli de Souza, a Hercílio Luz registra um importante momento histórico e econômico do Estado, o qual Florianópolis corria o risco de perder o posto de Capital por falta de travessia.

– É um ícone da cidade e do país e deve ser preservada. Se em outros locais não dão importância, aqui nós nos preocupamos com a história de nossa gente – afirma Souza.

Para conseguir verba e completar a restauração, o governo do Estado encaminhou um projeto para captação de recursos pela Lei Rouanet de Incentivo à Cultura. Entre os dias 13 e 15 de março, a proposta deve ser analisada pela Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (Cnic), em Florianópolis. O pedido é de R$ 78 milhões para terminar a estrutura provisória, que tiraria a ponte do risco de queda.

Caso consiga aprovação, a expectativa do governo é concluir a restauração em 2014.


Fonte: Diário Catarinense – Roberta Kremer – fevereiro/2012.