Nunca foi encontrada certidão de
nascimento que atestasse que o artista nasceu em Londres
Chaplin era investigado por possíveis
simpatias comunistas
Foto: AP
O MI5, serviço de
segurança britânico que investigou nos anos 50 as simpatias comunistas
atribuídas pelos Estados Unidos a Charles Chaplin, descobriu que não havia
nenhum indício sobre o nascimento do cineasta em Londres e questionou sua
pretensa "periculosidade" política, segundo informações arquivadas
divulgadas nesta sexta-feira.
O serviço de
informação britânico foi encarregado, em 1952, pela embaixada americana de
diligências sobre o cineasta, acusado de ter feito doações, em sigilo, ao
partido comunista americano em 1923 e de continuar a manter ligações com o
partido. No entanto, nada foi encontrado, como atestam os dossiês do MI5
publicados pelos Arquivos Nacionais britânicos.
A inteligência
britânica também não descobriu nenhuma certidão de nascimento atestando que o
astro do cinema mudo tenha nascido em Londres em 1889, num bairro pobre da
capital, imigrando para os Estados Unidos em 1910 como se anunciava, mas
desmentiu reivindicações de que ele teria nascido na França.
O ator acreditava ter
nascido em 16 de abril de 1889 em East Street, Walworth, sul de Londres -
ironicamente apenas quatro dias antes do nascimento do líder nazista Adolf
Hitler, a quem satirizou em seu clássico filme de 1940 "The Great
Dictator", O Grande Ditador.
— Também não há nenhum
vestígio em nossos arquivos de que o nome verdadeiro de Charlie Chaplin fosse
Israel Thornstein - patronímico de um judeu russo, sugerido pelos Estados
Unidos — afirmou o serviço secreto da época.
Mas a falta de
certidão de nascimento do astro não perturbou o diretor do serviço contra a
subversão do MI5, John Marriott:
— É curioso que não
tenhamos nenhum arquivo sobre o nascimento de Chaplin, mas considero que isto
não tenha grande importância do ponto de vista da segurança — explicou ele
então.
Em 1953, Chaplin
voltou a Londres para promover um de seus filmes, uma vez que foi proibido de
permanecer na América, como parte da febre antissoviética causada pelo
Macarthismo, apesar de ter negado simpatias com o comunismo. Cinco anos mais
tarde, os serviços britânicos que nunca se convenceram das acusações
americanas, concluíram que não havia elementos que permitissem considerar
Chaplin um risco para a segurança nacional.
AFP