segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Continua o perigo: Defesa Civil registra deslizamentos em Jaraguá do Sul

Chuvas de quarta-feira voltam a assustar moradores e colocam órgão público em alerta 

Lorena Trindade

Publicado 27/01/2012 às 08:53:36 - Atualizado em 27/01/2012 às 09:20:08

Casa da rua Cecília Planinschek Marquardt, no bairro Rau, é um dos casos que preocupa pelo risco de deslizamento. (Foto: Eduardo Montecino) 
Pouco mais de um ano depois das chuvas que assolaram diferentes áreas de Jaraguá do Sul e região, os moradores voltaram a ficar preocupados. Depois do temporal que iniciou na tarde de quarta, a Defesa Civil recebeu vários chamados. Em algumas localidades, pessoas sofreram com os deslizamentos de terra. Em outros locais, ruas encheram e a água invadiu casas. A maior concentração de chuvas foi entre às 14h30 e meia-noite. De acordo com o diretor de Defesa Civil, Ronis Bosse, foram registrados 160mm em alguns bairros. Mas, choveu em média 100mm em todo o município. O rio próximo ao bairro Garibaldi, segundo Bosse, chegou a três metros acima do nível normal. A Defesa Civil preocupou-se mais com os riscos de deslizamento do que alagamento, pois estavam monitorando e sabiam que o rio Itapocu não subiu como normalmente ocorre. Veja a seguir os bairros que mais sofreram com o temporal:

AMIZADE
Rua Emílio Butske: O muro da casa de João e Loni Vargas desabou por volta das 19h de quarta. A parte da frente do muro caiu primeiro, João se preveniu tirando os carros de uma varanda que ficava na lateral da casa. Não tardou para que o resto da parede caísse, levando a varanda abaixo. “Não vou mais fazer este muro. É melhor que fique assim”, diz. Segundo João, ele já tentou negociar com vizinhos para fazerem o muro juntos, mas nada adiantou. A Defesa Civil esteve no local. “Nem preciso que venham aqui. Prometeram mudar a situação, mas ainda não fizeram nada”, comenta.

Enxurrada levou barro para dentro de casa no Braço do Ribeirão Cavalo. (Foto: Eduardo Montecino) 
BRAÇO DO RIBEIRÃO CAVALO
Rua Francisco Mokwa: Neste local uma enxurrada levou barro para dentro de uma casa. Márcio Mokwa, o proprietário, não estava na hora do temporal, por volta de 19h. Mas, a tia de Márcio, Sinara Barboza, abriu uma das janelas e ergueu o que pode. Sinara desligou um computador, mas não percebeu uma TV que estava no chão. Os móveis de Márcio ficaram intactos, mas ele perdeu a TV, calçados e algumas peças de roupa. Nas chuvas de janeiro de 2011, a mesma casa foi atingida. “A prefeita esteve aqui e nos prometeu fazer tubulação que suporte a quantidade de água, mas até hoje nada”, declara Maria Mokwa, mãe de Márcio.

JOÃO PESSOA
Rua Paulo Eggert: De acordo com moradores do local, esta via sempre fica alagada. O bairro foi onde se registrou o maior volume de chuvas: 160mm. Na casa de Juliana da Silva, a água subiu pelo ralo do banheiro. Quando ela percebeu a invasão da água, ergueu os móveis. Pela segunda vez, toda a casa de Juliana ficou alagada. Ela mora no local há seis anos. “Não consegui dormir com medo de voltar a acontecer”, afirma. Roberto Hoppel, proprietário de um bar na mesma rua diz: “o alagamento é nosso grande problema”. Roberto acredita que as bocas de lobo pequenas e insuficientes são a causa do problema.

RAU
Rua Cecília Planinschek Maquardt: Uma casa, construída em condições aparentemente perigosas, amedronta os donos de dois estabelecimentos comercias nos fundos da residência. As lojas têm frente para a rua Affonso Nicoluzzi. Segundo a Defesa Civil, o corte na encosta criou a desestabilidade do terreno da residência e parte do barranco localizado do outro lado do muro de contenção cedeu. Jorge Cruz, proprietário de uma das lojas, disse não ter visto o momento da queda. O estabelecimento está há dois meses no local. “Estamos pensando em nos mudar. Não sei como alguém pode ter coragem de morar numa casa assim”, diz.

SANTO ANTÔNIO
Rua Hercílio Anacleto Garcia: Por volta das 19h, parte do terreno da casa da doméstica Mariane Martins veio abaixo. O local fica na beira de um córrego. Ela não ouviu barulho algum, mas quando chegou na parte de trás da residência ficou desesperada. Ela, o marido e o filho estavam na casa. “Ligamos para a Defesa Civil quarta, mas só vieram ontem pela manhã”, afirma, “disseram que se voltar a chover, devemos sair de casa”, acrescenta. Mariane e o marido pensaram na possibilidade de desmanchar parte da casa. “Só lamento que a gente não tenha apoio para fazer um muro de contenção. Não tenho condições, mas vou tentar”, conclui.

Resultados do temporal
A Defesa Civil de Jaraguá teve de retirar oito pessoas de uma mesma família de uma residência na região do Parque Malwee. As cinco crianças e três adultos foram encaminhados para um abrigo na noite de quarta, mas na tarde de ontem já haviam voltado para a casa. Outras cinco pessoas ficaram desalojadas e foram para a residência de parentes.
O órgão continua monitorando as áreas de risco. De acordo com o diretor de Defesa Civil, Ronis Bosse, equipes se dividiram em seis localidades para verificar as situações. Em alguns casos será preciso fazer muros de contenção, mas a Defesa Civil não se responsabiliza. O único trabalho imediato é a remoção de famílias e o corte de árvores com risco de queda. Segundo Bosse, o local de maior preocupação é uma casa na rua Cecília Planinschek Marquardt, no bairro Rau. “Ali é preciso dormir de olho aberto”, alerta.

O Correio do Povo