terça-feira, 26 de junho de 2012

A crise e os desafios do Oeste

A Associação Catarinense de Avicultura reuniu seus ex-presidentes e os do Sindicato das Indústrias de Carne para especiais homenagens, no meio de uma crise estrutural com terríveis desafios para o futuro da agroindústria do Oeste.

A primeira constatação: o novo ano começou com Santa Catarina perdendo a liderança nacional de criação e de exportação de aves. Assumiu o primeiro lugar o Paraná. Motivo: falta de competitividade da indústria catarinense. Os paranaenses montaram uma estratégia que garante preços baixos do principal insumo, o milho. Santa Catarina, ao contrário, precisa todos os anos de 6 milhões de toneladas de milho, mas só produz 4 milhões. Tem que trazer de carretas 2 milhões de toneladas de Goiás e Mato Grosso, a um custo que duplica o valor do valioso cereal.

Os empresários continuam alertando: se não for logo construída uma ferrovia ligando o centro oeste brasileiro à região de Chapecó, a crise na produção de aves no oeste tende a ser agravar. As grandes indústrias tendem a acelerar o processo de transferência para o Centro-Oeste. Fato que, aliás, já aconteceu com a Sadia e a Perdigão, as empresas que formam a BR Foods, a maior indústria do gênero no Brasil. Recentemente, a poderosa Marfrig fechou a unidade de Jaraguá do Sul, por falta de insumos e de mão de obra.

O presidente da associação Catarinense de Avicultura, Clever Ávila, aguarda audiência com o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, para apresentação do Plano Estratégico do Milho(2050). Tem estudos para aumentar a produção de milho no Oeste em mais um milhão de toneladas. Bastaria uma politica governamental que garantisse sementes de qualidade, tecnologia e assistência técnica.

Se nada acontecer, cai a produção, fragiliza o sistema de integrados, os criadores perderão renda, aumentará o êxodo rural e se agravarão os problemas nas cidades.

Ex-presidente da Associação, Artemio Paludo destacou as parcerias do passado e a necessidade de esforços conjuntos nesta fase crítica da economia. A abertura dos mercados da Europa, da China e do Japão abre horizontes excepcionais para a exportação. Mas a competitividade estadual depende da produção de grãos.

Paludo foi um dos fundadores do Frigorífico Seara. Seu irmão, Aurélio, primeiro prefeito do recém criado município de Seara (1954), defendeu um frigorífico para apoiar os criadores. Artemio reuniu 227 sócios e fundou a empresa, que logo expandiu. Em 1980 ela foi vendida para a Ceval e, finalmente, para a Marfrig, hoje empresa multinacional presente nos 5 continentes e unidades em 22 países.

Atualmente, Seara, a terra do famoso entomologista Fritz Plaumann, é hoje o nome de sua marca mundial mais forte.

A ameaça continua na falta de ação governamental.
 

MOACIR PEREIRA

Jornal de Santa Catarina