26/06/2012 | 07h25min
Segundo o prefeito de Guaramirim a justificativa da demora de uma ação mais concreta na estação, deve-se ao fato de que a estrutura pertencia ao Dnit até 2008
Rachaduras, paredes pichadas, telhas e vidros quebrados passaram a fazer parte do principal cartão-postal de Guaramirim, a estação rodoferroviária. A estrutura foi construída há 102 anos e há cerca de 20 anos virou a rodoviária da cidade.
Neste período, algumas obras para reparos emergentes foram feitos, mas nada que restaurasse o ponto histórico. Agora, em movimentos lentos, a Prefeitura começou a arregaçar as mangas.
Há quatro meses, o historiador Felipe Corte Real de Camargo assumiu o cargo e quer retomar o projeto para a restauração da estação rodoferroviária, elaborado em 2007 e engavetado. A ideia é que o local passe por uma preservação e deixe de ser utilizado como rodoviária, para ser um museu.
— O povo de uma cidade precisa ter uma identidade palpável — destaca.
O projeto de restauração deve passar por uma avaliação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), para entrar nos padrões nacionais de preservação.
— Os técnicos trarão um olhar mais especializado para o trabalho feito na estação. Estamos vendo com eles a possibilidade da Prefeitura pedir ajuda financeira ao Ministério de Cultura — comenta Felipe.
Segundo ele, uma obra no local deve custar mais de R$ 700 mil. Outra ação movida pelo historiador e pela Prefeitura, é a criação de um projeto de lei para ser enviado para a Câmara de Vereadores, com a intenção de tombar a estação rodoferroviária e outras áreas de conservação da cidade. Já que em Guaramirim ainda não existe lei de tombamento.
— Pretendemos ter tudo engatinhado pelo menos até o fim do ano. Estamos fazendo um trabalho em conjunto com o Iphan. São muitos detalhes levam tempo. Queremos deixar pronto pra ontem — finaliza o historiador.
Enquanto isso, o local depredado passa apenas por pequenas manutenções urgentes. Justificativa da prefeitura Segundo o prefeito de Guaramirim, Nilson Bylaardt, a justificativa da demora de uma ação mais concreta na estação, deve-se ao fato de que a estrutura pertencia ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) até 2008. Naquele ano, a Prefeitura pagou R$ 80 mil pela área.
— A escritura não foi passada. Queremos legalizar isso, antes de investir na estação. Estamos fazendo reparos necessários. Queremos investir mesmo é em uma restauração — comenta.
Neste ano, os banheiros ganharam portas e forro novo, os encanamentos trocados. Além disso, o telhado passa por reformas há mais de dois meses.
— A chuva tem dificultado. A cabeça está cheia de ideias e vontades, mas tem que dar o passo do tamanho da perna — alega Bylaardt.
O prefeito explica ainda que para a estação passar pela restauração, a rodoviária terá que ganhar uma nova estrutura. Por isso, a pretensão da Prefeitura é fazer um novo terminal urbano e rodoviário, na parte de trás da estação. Um esboço foi desenhado no começo do ano, com uma área de 300 m². O investimento para uma construção do porte desejado é de aproximadamente R$ 550 mil. Mas por enquanto, tudo são ideias.
História da estação rodoferroviária
Segundo o historiador, Felipe Corte Real de Camargo, a importância da estação na história de Guaramirim é grande. Quando construída em 1910, o local deu sequência a linha férrea que ligava as cidades de São Francisco do Sul a Porto União. Na época Guaramirim, era distrito de Joinville.
Como uma estação não podia ter menos de 10 km de distância uma da outra, a de Guaramirim precisou ser construída no local que está hoje. Foi por causa da estrutura, que o Centro da cidade passou das proximidades do Rio Itapocuzinho, para a redondeza da estação.
No começo as operações da linha ferroviária atendiam trens e passageiros, na década de 80 passou a ser utilizada apenas o transporte ferroviário motorizado, a litorina e em 1989 virou sede da rodoviária da cidade.
A primeira impressão é a que fica
Há quatro anos, Maria Lourdes Camargo de Almeida, de 40 anos, saiu de Porto Alegre para conhecer Guaramirim. O primeiro lugar que pós os pés, quando desceu do ônibus foi a estação rodoferroviária. Desde então ela visita a região pelo menos uma vez por mês. Segundo Maria, a primeira impressão que teve sobre a cidade não foi das melhores.
— Achei a rodoviária pobre e a impressão ficou por um tempo, até eu conhecer melhor. Desde aquela época tem coisa quebrada e mal cuidada. Parece até que vai desmoronar — destaca.
Um taxista que trabalha no ponto ao lado da rodoviária, comprova o que a turista relatou. Ele afirma que faz sete anos que atende aos passageiros no local.
— A maioria que vem pela primeira vez, solta um comentário ruim sobre o local — afirma.
Para ele a área tem que ser preservada, independente de abrigar a rodoviária.
— Agora até fazem mais coisas, mas sei que tem um projeto que ainda não saiu do papel. A estação faz parte da história da cidade e está toda destruída — pensa.
A NOTÍCIA
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