07 de fevereiro de 2012 • 14h51
Com investimento de R$ 8 bilhões, o número de parques eólicos no
Brasil mais que duplicou nos últimos dois anos. Em 2009, eram 33
unidades, agora são 71. Até 2016, a expectativa é de que outras 218
estações sejam instaladas. Ainda assim, o Brasil não estará nem perto de
atingir sua capacidade eólica. Juntos, os parques que já operam, têm
potencial para gerar 1,4 gigawatt (GW) por ano, sendo que a capacidade
brasileira de geração gira em torno de 350 GW por ano, mais do que
suficiente para abastecer todo o País. Para se ter uma ideia, o consumo
energético nacional é de 117 GW por ano.
A energia eólica é considerada nova no País, começou a começou a ser
utilizada em 2004. Mesmo assim, a presidente-executiva da Associação
Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Melo, avalia que o
Brasil está caminhando para se tornar uma potência no setor. Segundo
dados da Abeeólica, a energia proveniente dos ventos corresponde hoje a
apenas 1,3% da matriz energética brasileira. Até 2014, o setor deve
alcançar 5,6%. "É pouco, mas considerando que estamos falando de uma
energia jovem é um crescimento significativo. Além disso, ainda há muito
espaço para avanços tecnológicos", explica.
Mapas eólicos indicam que os ventos no País são fortes, constantes e
sem rajadas, uma grande vantagem em relação a outras nações. Isso faz
com que a parte dos ventos que é efetivamente transformada em energia
seja maior. É possível aproveitar de 42% a 45%, podendo chegar a 50%, em
locais de Belo Horizonte. Já a média europeia é de apenas 32%. Essa
característica colabora para baratear o custo da energia eólica. Prova
disso é que, atualmente, a energia eólica produzida no Brasil é a mais
barata do mundo. Custa cerca de R$ 105,00 por megawatts/hora (MWh),
enquanto a europeia sai, em média, R$ 300,00 por MWh. "A energia eólica
já se firmou como fonte limpa, renovável e competitiva. Se antes
tínhamos dúvidas disso, agora não temos mais", diz Elbia.
Na comparação com outras fontes de geração, a eólica também vem
ganhando destaque. É a segunda mais barata, perdendo apenas para a
hidráulica (entre R$ 80,00 e R$ 90,00 por KW/h). Com leilões de 2009 à
2011, o governo contratou quase 3 GW de energia eólica para os próximos 5
anos. Para atender à demanda criada, a capacidade instalada eólica
quintuplicará durante o período.
Para Elbia, se 2011 foi o ano da consolidação da energia eólica na
matriz energética nacional, 2012 será o da solidificação da indústria do
setor. Não só dos parques de geração, mas também da cadeia produtiva.
Atualmente, existem dez empresas fabricantes de equipamentos no País.
Outras duas devem se instalar aqui até o final do ano. "A expectativa
para esse ano é consolidar a indústria como um todo, com todas as partes
da cadeia", diz Elbia.
Sobre a possibilidade de explorar outras regiões além da nordeste e
sul, a presidente-executiva da Abeeólica é otimista. Ela revela que, com
novas tecnologias, é possível produzir torres cada vez mais altas com
maior capacidade de captação de ventos. A partir disso, estuda-se
explorar os Estados de São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo. Torres
de medição já foram instaladas para verificar se compensa investir
nessas áreas. As pesquisas ainda não foram finalizadas, mas já
apresentam sinais positivos.