Santa Catarina é o estado com o maior nível de bem-estar econômico do Brasil. Esta é a conclusão de um estudo da economista Cláudia Bueno Rocha Vidigal, mestre em Economia Aplicada pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (USP/ESALQ). O Noticenter teve acesso aos resultados do Índice de Bem-Estar Econômico
(IBEE), um indicador especialmente criado para a pesquisa, que mostram
que o estado catarinense lidera o ranking nacional quando, além de dados
econômicos e sociais, são levados em conta indicadores de consumo,
capital físico e humano, gastos com desenvolvimento e pesquisa e risco
de desemprego e violência, entre outros fatores.
Se analisadas todas as dimensões de
maneira conjunta, o cálculo do índice revela que, independentemente dos
pesos atribuídos para cada uma delas, Santa Catarina apresenta o maior
bem-estar econômico do Brasil. A diferença é tão significativa que o
estado de São Paulo, atual segundo colocado, registrou um IBEE em 2008
(0,608) bem abaixo do que o estado catarinense contabilizou em 2002
(0,665).
De acordo com o estudo, Santa
Catarina tem o segundo maior índice de consumo privado e de capital
físico do país, atrás apenas do Distrito Federal e de Minas Gerais,
respectivamente. Também é vice-líder no ranking das menores
desigualdades de renda e é o estado com menor intensidade de pobreza e
os mais baixos riscos de desemprego e violência, aponta a pesquisa.
São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e
Minas Gerais completaram a lista dos cinco estados com maior nível de
bem-estar econômico. Na outra ponta está Alagoas, que registrou os
piores indicadores. O cálculo foi realizado com dados dos anos de 2002 e
2008.
AS DIMENSÕES DO ÍNDICE
O IBEE é formado por quatro dimensões:
fluxos de consumo, riqueza real–legado intergeracional, equidade e
seguridade econômica (saiba mais sobre eles na tabela ao lado). Os
resultados da pesquisa mostraram que, no campo fluxos de consumo,
Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo foram os estados mais bem
posicionados. O Maranhão apresentou os piores valores. Em relação à
riqueza real e legado deixado às futuras gerações, o Distrito Federal se
manteve líder nos dois anos analisados, acompanhado pelo Paraná. O Mato
Grosso obteve a pior colocação em 2002 e o Piauí em 2008.
Já a dimensão equidade, que considera o
nível de desigualdade de distribuição de renda e a intensidade de
pobreza, foi liderada por Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná,
refletindo as boas condições oferecidas pela região Sul do Brasil. Na
contramão deste resultado, o estado de Alagoas apresentou indicadores
preocupantes de equidade econômica.
Em relação à dimensão seguridade
econômica, alguns estados da região Nordeste apresentaram baixos riscos
associados aos recursos econômicos, alcançando as primeiras colocações
no ranking. Os bons resultados foram influenciados pelos baixos valores
apresentados para os indicadores de risco, sobretudo para o risco de
pobreza em idade avançada e para o risco de violência, medida pela taxa
de homicídios.
UMA ALTERNATIVA AO PIB
Cláudia explica que a proposta com a
pesquisa foi criar um novo indicador de acesso aos recursos econômicos
que fosse capaz também de englobar os diferentes aspectos que estão
associados a um padrão de vida considerado decente. Ela lembra que,
hoje, os indicadores mais utilizados para mensurar o bem-estar econômico
são o Produto Interno Brunto (PIB) e o PIB per capita, que levam em
consideração apenas a renda. “Não existe um indicador de bem-estar
econômico mais preciso”, conta, em entrevista ao Noticenter.
Para a economista, esses indicadores
são limitados por não incluírem variáveis que captem a satisfação
econômica a partir de aspectos considerados importantes para o bem-estar
da população, como risco de violência e desemprego. “A avaliação deve
considerar, por exemplo, fluxos de consumo pessoal, estoques de riqueza,
distribuição de renda e seguridade econômica”, explica a pesquisadora.
Em outras palavras, um estado com alto PIB não tem, necessariamente,
bons níveis de bem-estar econômico.
Ainda segundo a autora, além de
disponibilizar informações transparentes à população, a construção de um
índice de bem-estar econômico pode ajudar na construção, implementação e
monitoramento de políticas públicas.
Matéria publicada em 08/02/2012