Redução em 2011 foi de 5,1%, puxada pelo mal desempenho dos têxteis, máquinas e materiais elétricos
Alessandra Ogeda | alessandra.ogeda@diario.com.br
A
produção nas fábricas catarinenses caiu 5,1% no ano passado, segundo
dados divulgados pelo IBGE ontem. O desempenho só não foi pior do que a
indústria do Ceará, que produziu 11,7% menos do que em 2010. E as
perspectivas para 2012 não são otimistas para SC.
Os setores que mais puxaram o resultado para baixo foram o de
produtos têxteis, com resultado negativo de 17,8%, seguido de perto pelo
que produz máquinas, aparelhos e materiais elétricos, com queda de
17,3%. Em terceiro lugar no desempenho ruim esteve o de máquinas e
equipamentos, que diminuiu a produção em 2011 em 9,6%.
De acordo com o IBGE, o resultado negativo destes três setores é
explicado, em grande parte, pelos recuos na fabricação de roupas de
banho de tecidos de algodão, refrigeradores para uso doméstico,
compressores usados em aparelhos de refrigeração e motores elétricos.
— Em 2009 tivemos uma queda na produção de 7,7% e, em 2010, um
crescimento de 6,45%. Com essa diminuição de 2011, praticamente voltamos
aos patamares anteriores. E em 2012 devemos ter apenas um crescimento
vegetativo pequeno — avalia Henry Quaresma, diretor de relações
industriais e institucionais da Federação das Indústrias de SC.
Apenas o primeiro trimestre de 2011 foi positivo para a indústria
catarinense. A produção aumentou 1,6% no período. A partir de abril, o
setor registrou desempenhos negativos consecutivos, comparando os
resultados com 2010.
De acordo com o IBGE, a perda de dinamismo da indústria do terceiro
para o quarto semestre foi registrado em cinco dos 11 setores
acompanhados pelo instituto. O setor de alimentos, tradicionalmente
positivo para o Estado, registrou uma queda de 11,2% na produção do
último trimestre do ano — período normalmente forte para o setor.
Os setores que se saíram pior no ano, segundo Quaresma, foram
afetados por uma demanda menor por seus produtos e por uma migração de
parte da produção catarinense para outras regiões do país.
— SC está perdendo espaço para outras regiões porque não temos uma
estratégia para a agroindústria a longo prazo. Apresentamos 23 tópicos
que precisam ser trabalhados no Estado e, até agora, não avançamos um
milímetro para concretizá-los — presidente da Associação Catarinense de
Avicultura (Acav), Clever Pirola Ávila.
A expectativa do diretor da Fiesc é que a indústria registre um
crescimento pouco acima de zero no primeiro trimestre deste ano. O
resultado da produção no restante do ano dependeria de alguns fatores,
como a efetivação de novos investimentos em SC, a expectativa do aumento
das vendas de carne suína para China e a resolução dos problemas para a
exportação para a Argentina.